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Saúde individual e comunitária

1. EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE SAÚDE

   Nas antigas civilizações, a saúde estava diretamente relacionada com seres divinos.

   A doença era considerada um problema na alma e o feiticeiro/curandeiro através de magias e ervas faziam o seu melhor.

   Os gregos e romanos achavam que a doença era o resultado do desequilíbrio de 4 fluidos: sague, bílis amarela e negra e fleuma.

   Os desequilíbrios vinham de fatores externos, como as estações, o tipo de vida e o ambiente.

   Quem revolucionou o conceito de saúde foi Hipócrates: as doenças não eram culpa dos seres divinos, mas sim de causas naturais.

   A prática deixou de ser médico-religiosa e passou a ser fruto da observação direta dos doentes.

   A partir do século XV-XVI, os conhecimentos aumentaram devido á prática de dissecação de cadáveres.

  O corpo humano passou a ser encarado como uma máquina e a doença uma avaria.

   No século XIX, o conhecimento dos microrganismos provocadores de doenças foi fundamental para o combate de doenças.

   A saúde era entendida como ausência de doença.

   Só há pouco tempo é que a saúde começa a ser entendida como uma questão individual e uma questão comunitária.

   O estado de saúde de um indivíduo pode influenciar a saúde dos outros (o que está ligado á qualidade de vida.)

   A organização mundial de saúde OMS, define saúde como:

   'A situação de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas na ausência de enfermidades.'

   A saúde é uma questão individual e comunitária, ligada ao conceito de qualidade de vida.

   A OMS define qualidade de vida como:

'A percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida , no contexto da cultura e sistema de valores  nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas e padrões e preocupações.'

   Qualidade de vida é um conceito muito vasto que considera quatro domínios:

Domínio Biológico: refere-se á noção que a pessoa tem da sua própria condição física (das suas capacidades e limitações para realizar as atividades do dia-a-dia), de modo a conseguir ajustar as suas características físicas ao seu estilo de vida.

Domínio Psicológico: refere-se á capacidade da pessoa para ultrapassar as dificuldades da vida, manter a sua sanidade mental (manter as suas relações, auto estima, viver feliz,...)

Domínio Económico: refere-se á relação da pessoa com o dinheiro e com os seus bens-materiais.

Domínio Cultural: refere-se á educação, hábitos e valores que a pessoa desenvolve ao longo da vida, e que vão determinar as suas necessidades e atitudes.

A qualidade de vida não depende apenas da percepção que cada pessoa tem da sua vida, mas também, do sistema de valores que orienta as suas práticas e atitudes.

1.1. INDICADORES DE SAÚDE

   A qualidade de vida depende da saúde.

   Existem indicadores de saúde que avaliam o estado e desenvolvimento de saúde de uma população, servindo de base às políticas, planos e financiamentos da saúde.

   - Taxa de mortalidade

   - Taxa de doenças infecto-contagiosas

   - Taxa de obesidade

   - Taxa de doenças cardio-vasculares

   - Taxa de mortalidade infantil é o número de mortes de crianças com menos de 5 anos de vida em cada 1000 que sobrevivem.

...

   - Esperança média de vida: é o número de anos que um ser humano, a partir do seu nascimento, pode esperar viver.

   - Esperança de saúde: é o número de anos que um ser humano, a partir do seu nascimento, pode esperar viver com saúde. São os anos de vida saudável. 

---> A esperança de saúde acrescenta uma dimensão de qualidade de vida á quantidade de anos vividos, enquanto que a esperança de vida não determina quantos desses anos corresponderão a uma vida saudável (não informa sobre a qualidade de vida esperada durante esses anos).

   - Anos potenciais de vida perdidos (APVP): é o número de anos não vividos devido a uma morte prematura, tendo por referência uma idade limite. Em cada óbito, é subtraída a idade limite á idade do óbito.

1.2. DETERMINANTES DE SAÚDE

Principais fatores que influenciam a saúde:

Fatores individuais: idade, sexo, genética e comportamentos

Comportamentos/estilos de vida: consumo de tabaco, álcool e drogas, hábitos alimentares, higiene, exercício físico, horas de sono, stress...

Fatores ambientais/culturais e económicos: pobreza, trabalho infantil, poluição, tabaco...

Genética, ambiente e estilo de vida:

   A saúde e a sobrevivência de um indivíduo dependem da interação entre a sua informação genética e o ambiente, e o estilo de vida que pratica.

Informação genética: combinação de genes herdados pelos nossos pais, que irá determinar as características físicas e psicológicas de uma pessoa e portanto, a sua saúde e sobrevivência.

Meio ambiente: um meio ambiente limpo é essencial para a saúde das pessoas. A saúde humana sofre impactes relacionados com a poluição atmosférica, contaminação das águas e as fracas condições sanitárias.

Estilo de vida: o stress, a falta de exercício físico, uma alimentação descuidada e o consumo de álcool, tabaco ou drogas levam a uma destruição e ameaça da saúde e sobrevivência.

Fatores de risco

Sedentarismo;

Obesidade;

Alcoolismo;

 

Tabagismo;

1.3. DOENÇA E CAUSA DE DOENÇA

Doença: distúrbio das funções de um órgão, de um sistema de órgãos, da mente ou do organismo como um todo, que está associado a sinais e sintomas específicos.

   Os fatores capazes de provocar doenças podem ser individuais ou ambientais (biológicos, químicos e físicos).

   

Parasitismo: No parasitismo, o parasita vive sobre ou dentro do corpo do hospedeiro. O parasita utiliza o hospedeiro como seu habitat ou fonte de alimento, prejudicando-o.

   Nesta relação, o parasita e o hospedeiro deixam de evoluir separadamente e passam a coevoluir como um par interligado, em que uma mudança numa das espécies pode estimular uma alteração na outra, ocorrendo o fenómeno de coevolução.

Antibióticos: As infeções causadas por bactérias, podem ser tratadas corretamente com antibióticos.

   No entanto, doenças causadas por vírus não podem ser curadas com antibióticos, e sendo a sua toma tão específica, são medicamentos sujeitos a receita médica.

   O uso incorreto dos antibióticos (automedicação, falhas no tratamento...) está a criar um grave problema de saúde pública - a resistência bacteriana. As bactérias possuem uma grande capacidade de adaptação ao meio e sujeitas a uma exposição repetida ou incorreta aos antibióticos, algumas tornam-se resistentes á ação destes medicamentos.

Doenças não transmissíveis (DNT): grupo de doenças não infeciosas, caracterizadas pela ausência de agentes patogénicos, geralmente crónicas e irreversíveis. 

Doenças cardiovasculares

Tumores malignos/cancros

Doenças respiratórias

Diabetes

1.4. PROMOÇÃO DA SAÚDE

Medidas de promoção de saúde:

A nível da saúde individual (hábitos individuais):

   - alimentação equilibrada, higiene corporal, prática de exercício físico, dormir o suficiente, não beber e fumar, frequentar a escola, formação profissional, vigilância médica.

A nível da saúde comunitária:

   - melhoria das condições de higiene e salubridade: recolha e tratamento de resíduos, eliminação dos focos de contágios, medidas antisépticas, tratamento e distribuição de água potável; ordenamento do território, campanhas de vacinação, rastreios.

 

   Prevenção primária: campanhas de sensibilização e vacinas (a sua utilização permite combater doenças, na sua maioria mortais).

   Prevenção secundária: está relacionada com os rastreios - deteção precorse de doenças.

   Prevenção terciária: diz respeito á reabilitação da doença. 

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